Este texto tem o propósito de questionar a literatura temática com relação à suposta fraqueza estrutural dos partidos brasileiros. Para tanto, adotamos uma abordagem exclusivamente organizacional, algo ainda pouco explorado pelas análises comparadas. Ao invés de abordar o quadro partidário por intermédio dos clássicos indicadores de desempenho dos sistemas de partidos ou de deduzir do sistema eleitoral e da forma de governo supostos efeitos mecânicos sobre as unidades partidárias, analisaremos seu desenhos organizacionais, especialmente os mecanismos internos que garantem certo grau de controle da direção nacional sobre as unidades estaduais e municipais. Nosso principal objetivo é apresentar evidências de que os dirigentes nacionais dispõem de importantes mecanismos de controle sobre os vários níveis da organização partidária, em particular, sobre os diretórios. Por intermédio deles, tais lideranças conseguem controlar as convenções e, por extensão, as instâncias deliberativas e decisórias fundamentais. Desse modo também conseguem obter disciplina de seus partidários, dando orientação ao comportamento parlamentar e coordenação programática e eleitoral ao partido como um todo.